Pensamento
platônico
Em linhas gerais, Platão desenvolveu a noção de que o
homem está em contato permanente com dois tipos de realidade: a inteligível e a
sensível. A primeira é a realidade imutável, igual a si mesma. A segunda são
todas as coisas que nos afetam os sentidos, são realidades dependentes,
mutáveis e são imagens da realidade inteligível.
Tal concepção de Platão também é conhecida por Teoria das Ideias ou Teoria das Formas.
Foi desenvolvida como hipótese no diálogo Fédon e constitui uma maneira de garantir a
possibilidade do conhecimento e fornecer uma inteligibilidade relativa aos
fenômenos.
Para Platão, uma determinada caneta, por exemplo, terá
determinados atributos (cor, formato, tamanho etc). Outra caneta terá outros
atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a outra. Aquilo que faz
com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Ideia de Caneta, perfeita, que
esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia de Platão diz, então,
que algo é na medida em que participa da Ideia desse objeto. No caso da
caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são coisas como o ser humano, o bem
ou a justiça, por exemplo.
Platão em seus estudos conheceu e
se aprofundou nas teorias de dois dos maiores filósofos pré-socráticos,
Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eléia. Antagônicas entre si, Platão
reconheceu certo acerto na filosofia de ambos os filósofos e procurou resolver o problema criando sua própria
teoria.
O problema que Platão propõe-se a resolver é a tensão
entre Heraclito
e Parmênides: para o primeiro, o ser é a mudança,
tudo está em constante movimento e é uma ilusão a estaticidade, ou a
permanência de qualquer coisa; para o segundo, o movimento é que é uma ilusão,
pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é, não pode passar a ser;
assim, não há mudança.
De Heráclito, Platão considerou
correto as percepções do mundo material e sensível, das imagens e opiniões.
Para ele, a matéria era algo imperfeito, em constante estado de mudança.
Concluiu, no entanto, que
Parmênides também estava certo ao exigir que a Filosofia se afastasse desse
mundo sensível, para ocupar-se do mundo verdadeiro, visível apenas ao puro
pensamento.
Com um toque de seu mestre
Sócrates, de quem Platão aproveita a noção de logos, está criada a
teoria platônica e a distinção dos mundos sensíveis e inteligíveis.
Para explicar melhor sua teoria,
Platão cria no livro VII da República o mito da Caverna, segundo o qual imagina
uma caverna onde estão os homens acorrentados desde a infância, de tal forma
que não podem se voltar para a entrada e apenas enxergam uma parede ao fundo.
Ali são projetadas sombras das coisas que se passam às suas costas, onde há uma
fogueira. Platão afirma que se um dos homens conseguisse se libertar e
contemplar a luz do dia, os verdadeiros objetos, ao voltar à caverna e contar
as descobertas aos companheiros seria dado como louco.
No mito podemos associar os
homens presos à população e o homem liberto a um filósofo. Os homens presos
conhecem apenas o mundo sensível, já o liberto conheceu a verdadeira essência
das coisas, conheceu o mundo das ideias.